11 de janeiro de 2010

Amazónia, Brasil.






AMAZÓNIA, NO ÉDEN fala-se o português

Há um lugar no mundo que "todo o mundo" deveria visitar. É aqui, mais que em qualquer outra parte, que ganhamos a noção de que somos insignificantes diante do poder da natureza. Assim como somos, em igual medida, responsáveis pelas grandes ofensas que lhe são infligidas. Uma antítese? Não...Um alerta!

AMAR A NATUREZA COMO NUNCA ANTES

Desengane-se, já a partir deste parágrafo, quem aguarda por uma descrição de um paraíso sem mácula. E não se tratará aqui do assunto que deveria estar na ordem do dia, sempre: a desflorestação. A Amazónia não é um destino turístico de excelência por muitas razões, de entre as quais a menos óbvia, mas talvez a que nos assola no primeiro minuto depois da chegada: arribar aqui fá-lo quem apanhar um avião; desejar permanecer, porém, não é para todos, é para quem ama a natureza. Muitos dos que visitam as franjas desta floresta não dizem "amar" a Natureza sem antes medir as suas palavras. Porque só é amor se for incondincional e sem lugar a expepções. Ninguém ama a Natureza mas á excepção das aranhas gigantes, borboletas nocturnas da dimensão de pardais, cobras de oito metros, piranhas, jacarés, plantas que não podem ser tocadas, temperaturas altíssimas e uma humidade no ar altamente desaconselhada a quem sofra de bronquite e proibida a quem padeça de asma. Se nutríssemos pela Natureza o amor que achamos, esta não sofreria a mais mínima parcela do mal que lhe tem sido infligido. Em troca, os homens não teriam sofrido metade dos desaires dos últimos anos à mão pesada e justa daquela. Ainda assim, continuamos a ignorar que uma relação, qualquer que seja, só sobrevive de reciprocidade. Até que pisamos esta terra húmida, quente, esta bruma com cheiro a vida.

DE MANAUS AO ARIAÚ AMAZON TOWERS

De Manaus ao hotel que nos aguarda, a viagem é feita de barco. Nem o som do motor da embarcação consegue omitir os ocasionais gritos das aves, ora implícitas pela densa folhagem, ora cruzando este vasto mar que é, aqui e até desaguar no Atlântico, o Amazonas. Araras, papagaios, urubus, tudo isto parece normal ao comandante, que destingue, em pleno voo, uma arara amarela de uma vermelha. Para mim, é muito mais. Aliás, perco grande parte do tempo fixando o caudal escuro(estamos no rio Negro), esperando ver aparecer um Boto vermelho, o quase mítico golfinho de água doce. O comandante explica-me que seria preciso penetrar pelos mangais, em águas mais calmas e não tão profundas. Contento-me então respirar este vento quente que me bate na cara, este ar puro, o mais puro do planeta mas muito, muito pesado. Cerca de duas horas depois, entramos num braço do rio Negro. A floresta adensa-se, a distância entre as margens é agora mínima. Este afluente chama-se Ariaú, e poucos metros depois, revela-nos aquilo que parece ter saído de um cenário de filme. Uma construção de madeira, pintada de verde, vários metros acima das águas, parece estar fundindo com a floresta. A imagem é de tal intensa que, ainda antes de subir, terei pensado que era num lugar destes que eu queria viver o resto da vida. O hotel é um labirinto de passadeiras aéreas, à altura da copa das árvores, dando a perfeita noção de que este é, durante a estadia, o nosso meio natural. Foi idealizado em 1980, aquando de uma expedição de Jacques Costeau à Amazónia. Nesses anos, apenas cientistas com o seu conhecimento de causa começavam já a preocupar-se com a preservação da floresta e o abuso da mesma por parte de uma economia globalizada, lutando por uma consciencialização mundial em relação à necessidade de um turismo sustentável. Hoje, este é o maior hotel na selva do mundo e conta com 20 anos. Isto faz com que tivesse sido pioneiro na preocupação ambiental

1 comentário:

Filipa Galvão disse...

Estas fotos conheço bem!!!