27 de novembro de 2009

Parque Marinho Luiz Saldanha, Parque Natural da Serra da Arrábida, Portugal.


Parque Natural Luiz Saldanha

Criado em 1998 e com 52 km2, faz parte integrante do Parque Natural da Arrábida e abrange a área marinha entre a Serra da Arrábida - praia da Figueirinha - e o Cabo Espichel - praia da Foz. Para ajudar a preservar e a recuperar a biodiversidade deste Parque Marinho foi criado o projecto BIOMARES que inclui acções como:

- a instalação de amarrações "amigas do ambiente"(poitas fixas com sistema de esticadores, com uma bóia á superfície) e de um cais flutuante no Portinho da Arrábida para acesso ás embarcações;

-a recuperação das pradarias de ervas marinhas do Portinho da Arrábida, transplantando plantas(Zostera marina, Zostera noltii e Cymodocea nodosa) do Estuário do Sado, rio Mira e Ria Formosa;

- a informação e sensibilização da opinião pública e utilizadores sobre a biodiversidade e a importância da sua preservação e valorização, incluindo uma exposição permanente no Museu Oceanográfico da Arrábida;

- a caracterização e o mapeamento exaustivo dos habitats dos fundos marinhos do Parque e zona envolvente até aos 100 metros de profundidade;

- estudos de monitorização e acompanhamentos dos efeitos destas medidas e do plano de ordenamento do Parque.

Fotografia Tito Calado

23 de novembro de 2009

Reserva Natural da Serra da Malcata, Beira Interior, Portugal.





Reserva Natural da Serra da Malcata

A Reserva Natural da Serra da Malcata é uma área protegida de Portugal, localizada na região da Beira Interior, abrangendo parte dos concelhos de Penamacor e Sabugal, junto à fronteira com Espanha. Tem uma área de 16.348 ha.
A Serra da Malcata, abrangida pela reserva, é a sétima elevação de Portugal continental. Ali nasce rio Bazágueda, afluente do Erges, parte da rede hidrográfica do rio Tejo. O relevo é ondulado, com a presença de bosques e áreas de matagal mediterrâneo.
A reserva foi criada em 1981 para servir de santuário para o felino mais ameaçado do mundo, o Lince-Ibérico(Lynx pardinus). Actualmente acredita-se que o Lince esteja extinto na reserva, ainda que a área possa no futuro ser utilizada como área de reintrodução.
Entre as espécies animais importantes presentes no parque encontram-se o GATO-BRAVO(felis silvestris), o JAVALI(Sus scrofa), a RAPOSA-VERMELHA(Vulpes vulpes), a GINETA(Genetta genetta) e outros. Destaca-se a CEGONHA-PRETA(Ciconia nigra), uma espécie rara em Portugal. Todas as espécies de anfíbios existentes em Portugal continental estão representados na reserva.
Ultimamente o CORÇO(Capreolus capreolus) e o ESQUILO-VERMELHO(Sciurus vulgaris) regressaram à Serra da Malcata desde refúgios na Espanha.

Fotografias Zito Colaço.

13 de novembro de 2009

Reserva Natural do Ilhéu de Vila Franca do Campo, Açores, Portugal.






O Ilhéu de Vila Franca do Campo está localizado na costa sul de S.Miguel, a cerca de 1 km da costa da vila que lhe deu o nome. A sua actual morfologia geológica é resultado da acção da erosão marinha sobre um cone vulcânico com uma composição geológica baseada em tufo.
Presentemente, os bordos da cratéra compõem dois ilhéus, o pequenino situado na costa nordeste e o ilhéu grande que constitui a maior estrutura emergente. A cratera por eles defenida, forma uma baía quase circular com cerca de 150 metros de diâmetro que comunica com o mar através de um pequeno canal orientado a norte, entre o ilhéu grande e o ilhéu pequenino. Blocos de rocha basáltica dominam as zonas mais influenciadas pela acção da ondulação, tais como o canal de entrada e as várias fissuras através das quais sai da cratera(localmente conhecidas por golas).
Tendo sido descoberto em 1537, a história do ilhéuda Vila Franca do Campo atravessa numerosos proprietários e funções tão diferentes como de forte militar, porto de abrigo, vigia da baleia e zona de cultura de vinha. Em 1983, face a um uso indescriminado, surgiu a necessidade de proteger o interesse natural e paisagístico do ilhéu, tendo sido publicado o decreto Regulamentar Regional nº3/83/A, que classificou o ilhéu de Vila Franca do Campo como Reserva Natural.
A Reserva Natural compreende um área terrestre de 5ha, que inclui todo o ilhéu, e a área marítima adjacente até uma profundidade de 30 metros.
Embora marcada por uma forte intervenção humana, as comunidades terrestres incluem ainda matos macaronésios naturais de faia e urze, sobretudo na fase norte do ilhéu pequenino, onde subsistem espécies como o bracel Festuca Petrea, o Juncus Acutus, a urze Erica Scopia Azorica e a faia-da-terra Myrica Faya. O Ilhéu grande encontra-se fortemente dominado pela presença de flora introduzida, sendo cana Arundo Donax e a árvore de folhagem permanente Metrosideros Tomentosas as mais abundantes.
Relativamente á diversidade de aves da comunidade de aves marinhas que ocorre e nidifica no ilhéu existem referências bem documentadas, tendo a área sido recentemente incluída na lista de Important Bird Areas dos Açores, publicada este ano pela Birdlife Internacional. No Ilhéu e na costa envolvente nidificam uma colónia de cerca de 300 casais de cagarros Calonetris Diomedea e uma colónia de garajáus-comuns Sterna Hirundo de cerca de 10 casais. Existem ainda dados de ocorrência de freira-do-bugio Pterodroma Feae e de Oceanodroma Castro na mesma costa.
A composição e destribuição das comunidades litorais evidenciam diferenças que resultam da localização(mais ou menos exposta) e o tipo de seustrato ( sedimentar ou rochoso), traduzindo-se numa das grandes riquezas desta área protegida. Numerosas espécies de algas e invertebrados caraterizam a zona-entre-marés. Entre as mais conhecidas e facilmente identifiváveis encontra-se a Ligia Italica(pequeno crustácio isópode), Melarhaphe Neritoides(gastrópode), Fucus Spiralis(alga castanha localmente conhecida por alga-do-mar), Patella Candei(lapa mansa), Carolina Officinalis(alga vermelha de fonte calcária), Paracentrotus Lividus(ouriço) e Ophidiaster Ophidianus(estrela-do-mar). A nível submarino, as golas encontram-se os habitantes mais típicos desta área protegida e de maior interesse, sobretudo pela fauna ciáfila que abrigam.
Nos Açores, as paredes destes corredores são normalmente recobertos por organismos como esponjas, briozários encrostantes, madreporários ( como Caryophillia Smithii) e minúsculos hidrários. Sobre o fundo e sobre as irregularidades do substrato, encontramos vulgarmente pequenos camarões de tons avermelhados(Plesionika Narval) e crustácios de maiores dimenções como caranguejos-ermitas (Dardanus Callidus) e os sempre surpreendentes cavacos (Scyllarides Latus). Ao nível dos peixes, congros (Conger Conger), abróteas (Phycis Phycis) e foliões (Apogon Imberbis), são as espécies mais frequentes.
O fundo da baía interior do ilhéu é composto por rocha nua parcialmente coberta de areia, sendo as zonas sul e sudeste as mais profundas. Para além da comunicação que a baía estabelece com o mar através do canal estreito acima referido, as golas são importantes para a comunidade da baía, na medida em que providenciam trocas adicionais de água e areia entre a baía e o mar aberto. A configuração do banco de areia em forma de crescente, sofre certamente influência de factores sazonais, mas parece resultar da força relativa da água que atravessa as fissuras e da direcção predominante dos ventos.
Sobre o quadrante noroeste da baía desenvolve-se um interessantíssimo povoamento formado por algas calcárias de crescimento livre(maerl). Crescendo a partir dos núcleos centrais, estas algas vão desenvolvendo prolongamentos em várias direcções. À medida que as suas dimenções vão aumentando, as ondas passa a movimentar e a enrolar as algas mais frequentes, levando um arredondamento do contorno exterior formado pelos vários prolongamentos. No auge do seu desenvolvimento, estes nódulos adquirem uma forma esférica e atingem o tamanho de bolas de golfe. O Ilhéu de Vila Franca do Campo é o único local dos Açores onde se registou a ocorrência deste tipo de povoamento.
Apesar de não ser habitado, o Ilhéu sofre uma intensa pressão turística durante a época balnear. No verão, existe mesmo um barco que estabelece uma carreira regular que chega a transportar para o Ilhéu cerca de 600 pessoas por dia - um numero claramente excessivo, se tivermos em conta a sua dimensão e os objectivos de conservação da natureza que lhe estão atribuídos.
O Decreto Regulamentar Regional nº3/83/A de 3 de Março que classifica o ilhéu como área protegida prevê algumas medidas regulamentares no domínio da exploração dos recursos marinhos. Desta forma, não são permitidas na zona marítima a pesca e apanha de moluscos, crustáceos e outros invertebrados, bem como a colheita de plantas aquáticas.
De este conjunto de medidas é de salientar a aplicação de um modelo de gestão integrada que envolva todos os actores do desenvolvimento local, de forma a salvaguardar a conservação da natureza beneficiando ao mesmo tempo a população e a utilização desta área protegida como exemplo da diversidade biológica marinha dos Açores.
Localmente, o Clube Naval de Vila Franca do Campo é certamente uma das entidades a contactar para saber um pouco mais sobre este Ilhéu. Se pretende mergulhar na zona, este poderá ser o ponto de partida, assim como as empresas de acividades marítimas com sede em Vila Franca do Campo e na Caloura.

Fotografias Zito Colaço