30 de outubro de 2009

Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, Beira Baixa, Portugal

SEGREDOS QUE NÃO SE GUARDAM
Demorarmo-nos por estas paisagens, lugares e entre as gentes é condição para que possamos perceber as razões que levaram a Assembleia Geral da Comissão de Coordenação da Rede Global de Geoparques da UNESCO a aprovar, unanimemente, o processo de candidatura do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional. As especificações exigidas para que determinada área possa ser considerada um Geoparque passam por um número significativo de sítios de interesse geológico com particular importância, raridade e relevância cénica e/ou estética, interesse histórico-cultural e biodiversidade rica. Se, por um lado, não deveria ser necessário o reconhecimento por parte de uma entidade oficial para que nós, zelosos do nosso património natural e cultural, possuíssemos um conhecimento profundo da região, a criação do Geoparque fomenterá, por outro lado, a educação, junto do público, através da implantação de medidas de protecção adequadas à preservação, organização de actividades que possam contribuir para um melhor conhecimento do público e estimulação da actividade económica e do desenvolvimento sustentável através do Turismo da Natureza. Deixaram, assim, de ser segredos bem guardados a escarpa de Idanha-a-Nova encimada pelas ruínas do castelo, a escarpa da falha do rio Ponsul , um gigantesco degrau com 300 milhões de anos, resultado da colisão entre continentes, as margens do rio Erges, que define a fronteira entre Portugal e Espanha e constituem, de Vale Feitoso ao Rosmaninhal e da foz a Salvaterra do Extremo, dois percursos tão diversos quanto desarmamente belos, vegetação sem fim o primeiro, paraíso natural integrado no Parque Natural do Tejo Internacional o segundo. Como segredo não são as três gargantas que rasgam a paisagem entre as Termas de Monfortinho e Segura, a antiga fortaleza templária de Penha Garcia e sua povoação que repousa num trono de rocha de quartzo, sobrevoada por espécies de aves raras, os "cogumelos de pedra" de Erez e Alpalhão, a cascata das Fragas da Água dAlta e o miradouro geomorfológico das Corgas. Porque nem todos os segredos devem ser guardados. E alguns, como este, já deveriam ter sido bradados, com ecos de um futuro melhor, há muito tempo.

Texto Nuno Miguel Dias
Fotografias Zito Colaço





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