30 de abril de 2010

Cromeleque dos Almendres, Évora, Portugal.

A ENCOSTA DAS PEDRAS CIRCULARES

É certo que temos um largo passado e em alguma medida, uma memória colectiva de uma vivência remota como caçadores-recolectores. No entanto, esta mesma vivência foi drasticamente alterada a partir da altura em que a técnica e o domínio dos métodos agrícolas se foi disseminando e com ela a adopção de um modo de vida sedentário. Nenhum destes momentos teve existência linear, nem este se sucederam encadeados ou tiveram aparecimentos repentinos. Todos eles foram resultantes de evoluções várias no historial humano. Os grupos sociais humanos sempre tiveram diferentes cadências e reacções diversas. É assim perfeitamente natural que num momento de existência de tribos já com sistema agrário e de outras que viviam uma existência ainda semi-nómada. Ora, o trabalho e cultivo da terra implica em tudo a sua posse ou domínio. Pois, não é de todo credível que se invista incontáveis horas e um esforço comunal, se não for para dele retirar dividendos.
Surge assim a necessidade de reclamar e impor a posse da terra e com ela o domínio e modificação da própria paisagem. A conjugação desta quase necessidade, conjugada com novas ideias vindas do Próximo-Oriente e da própria Europa, assim como algumas características locais, ao culta se junta um carácter cultual/religioso, irá dar origem a um fenómeno que teve expressão a nível mundial e em épocas distintas entre si, pois a um dado momento da evolução
humana, a resposta dada a necessidades simbólicas, foi o aparecimento do Megalitismo.
Em Portugal, o Megalitismo insere-se numa vasta família de influências tanto Atlânticas como Mediterrânicas, sendo possível encontrar paralelos na Bretanha, Irlanda, Creta ou Sardanha. É claro que também existem variações locais, dando maior expressividade a essa forma de marcar o horizonte.
O Megalitismo que aparece no actual território português manifesta-se de forma diversa e variada. Seja na forma de menires isolados na paisagem alinhados ou concentrados em círculos –
os cromeleques. As tão vulgarmente designadas antas, também se inscrevem nesta mesma matriz cultural. O caso que iremos referir é o do Cromeleque dos Almendres.
Este importante conjunto megalítico situado nas proximidades de Évora, é dos mais importantes e bem preservados da Península Ibérica. Constituído hoje em dia por 95 menires, terá no seu auge tido mais de 100. Com uma cronologia que aponta para a sua criação por volta de finais do IV milénio a.C., terá sido o resultado de uma conjugação de esforços para que a sua edificação
fosse realidade. Quem terá sido a população que o edificou? Isso será sempre uma pergunta que irá ficar para todo o sempre muda. Assim como o fim a que se destinava.
Culto da fecundidade, marca territorial, sinal de orientação na paisagem, local de culto, Áxis Mundi ou observatório astronómico, as hipóteses ficam em aberto, sendo plausível quaisquer das interpretações. O certo é que a sua implantação na sobranceira encosta suave do vale onde se encontra, confere-lhe uma localização privilegiada e domínio da paisagem em redor. Quanto a nós, a hipótese mais acarinhada, será a de local de culto, visto que muitos dos menires apresentarem decoração simbólica, hoje já não tão facilmente distinguível por acção dos elementos. Uma coisa é inegável e quem o criou deverá ter tido consciência disso, quando nos
encontramos no local, lá, é impossível deixar de pensar no esforço que terá sido necessário para realizar tal empresa e a grande carga simbólica que tem.

Texto Carlos Didelet

O recinto megalítico dos Almendres, um dos maiores monumentos públicos da humanidade, constitui o maior conjunto de menires estruturados da Península Ibérica e é um dos mais importantes da Europa. Este monumento megalítico inicialmente era constituído por mais de uma centena de monólitos. A sua escavação permitiu a detecção de várias fases construtivas ao longo do período Neolítico (V e IV milénios a. C.), até alcançar aspecto semelhante ao hoje apresentado. 92 menires com diferentes formas e dimensões, desde pequenos blocos rudemente afeiçoados, outros maiores que deram ao local o nome de Alto das Pedras Talhas. Formaram dois recintos erguidos em épocas distintas, geminados e orientados segundo as direcções equinociais. Uma dezena de monólitos está decorada exibindo relevos ou gravuras. Foi um monumento com funções religiosas e, provavelmente um primitivo observatório astronómico.









Fotografias Zito Colaço

11 de abril de 2010

Parque Nacional Tortuguero, Costa Rica.






O PARQUE NACIONAL TORTUGUERO foi criado exactamente para proteger as praias onde as tartarugas vão desovar, entre Junho e Novembro.

De 1966 a 1974, foi construído um sistema de canais que ligam, entre si, os rios Colorado, Parismina, Pacuaré, Rebentazon e Tortuguero. Forma-se, assim, uma estrada aquática com cerca de 100 km.

O Parque Tortuguero estende-se, ao longo da costa do Caribe, por 22 km.

Viaja-se de San José até Caño Blanco, já na costa do Mar das Caraíbas, ao longo de 150 km de estrada asfaltada, com muitas curvas e contra-curvas, atravessando o Parque Nacional Bráulio Carrillo, com vegetação luxuriante.

À beira da estrada, uma planta com folhas enormes, é conhecida como “chapéu de chuva dos pobres”, já que cada uma das folhas pode abrigar duas ou três pessoas.

Já perto da costa atlântica, começam as plantações de bananeiras, a perder de vista. Muita floresta tropical tem sido sacrificada para se plantarem bananais. A Costa Rica é o segundo maior exportador mundial de banana e todos nós já vimos o famoso sêlo da Chiquita banana.

Curiosa, a forma como os trabalhadores transportam os cachos de bananas, desde a plantação até ao local onde são escolhidas e embaladas. Cada homem puxa uma série de cachos, que se deslocam ao longo de um cabo de aço.

Em Caño Blanco, apanha-se uma lancha que, nos leva até ao Pachira Lodge, através do rio Parismina e dos canais. São 50 km e hora e meia de caminho, seguindo paralelamento ao Caribe, com crocodilos ao fundo.

Tortuguero é uma pequena vila, com cerca de mil habitantes, situada na estreita faixa de terra que fica entre o canal e o Caribe. Claro que não tem estradas, nem carros. Só lá se chega de barco.

Quando se chega a Tortuguero, vindos do canal, o embarcadouro é dominado por uma praça que exibe duas grandes estátuas de um pelicano e de um papagaio.

A aldeia de Tortuguero estende-se ao longo de uma única rua, ladeada de casas térreas, de madeira. No ar, um cheiro adocicado. Ali à frente, um negro, com a barba bem desenhada, deitado numa rede, ouve reggae, com o volume sonoro no máximo, acenando para os turistas. Está-se bem no Caribe!



Parque Nacional Tortuguero, Costa Rica.
Fotografias Paulo Campos