14 de janeiro de 2009

Texugo, Grândola, Portugal

-Um texugo, filho.
-O que é um texugo, pai?
-É um animal selvagem, um pouco parecido com o urso mas muito mais pequeno.
-E onde mora, o senhor texugo?
-Mora na floresta encantada do Montado Alentejano, dentro de uma toca. Só sai à noite, para comer.
-E come o quê?
-Ratinhos, insectos e bolotas, que é o fruto da azinheira, essas árvores que vês ai em volta.
-São bonzinhos, os senhores texugos?
-Claro que sim, filho. Os animais são todos bonzinhos. Nós é que não. Olha, há uma dos texugos muito engraçada. Há uns anos, os cientistas descobriram que quando um texugo morre, outros texugos abrem um buraco e enterram-no. Fazem-lhe um funeral, portanto. Como vês são bonzinhos, e muito amigos uns dos outros.
-Mas alguns animais mordem, pai.
-Claro que sim, filho. Os texugos também, mas só se sentirem medo. Os animais têm medo de nós e defendem-se se invadires o seu meio. A floresta é o meio deles, não o nosso, assim como eles não pertencem às cidades, vilas e aldeias.
-E às estradas, pai, pertencem?
-Não, não pertencem?
-E os amigos daquele senhor texugo vêm buscá-lo daqui a um bocado, para fazer um funeral?
-Não, meu filho. Aquele morreu às mãos dos homens, esses animais.

Texto Nuno Miguel Dias
Fotografias Zito Colaço



12 de janeiro de 2009

Sobreiros, Alentejo, Portugal

Salvem o Miguel...
...Pelo altruísmo com que concedeu sombra a amores proibidos, a cansaços de labuta, a calores de sol a pino
Salvem o Miguel...
...Pelas fomes que matou, dadivoso, a homens que só dele, e de outros irmãos de seiva, sabiam roubar
Salvem o Miguel...
...Por ter na pele embaixada do melhor de nós, portugueses...
Ingratos, que ao contrário do Miguel, pouco fazemos pelos outros!